Depressão na terceira idade: como identificar os sintomas e tratá-la

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O processo de envelhecimento é um componente natural de qualquer ser vivo. No caso dos seres humanos, a condição tecnológica atual amplia a expectativa de vida e o reflexo está na pirâmide etária da maioria dos países envoltos pela globalização – e o Brasil se enquadra nesse time.

O crescente aumento na expectativa de vida fica evidenciado na pirâmide etária de 2013 e nas prospecções.

O crescente aumento na expectativa de vida fica evidenciado na pirâmide etária de 2013 e nas prospecções.

No entanto, será que a qualidade de vida acompanha os números crescentes da expectativa de vida?

Provavelmente essa resposta seja negativa.

É importante pensar em como envelhecer de modo saudável e prevenir os males que mais acometem os idosos.

De acordo com a WHO (World Health Organization – Organização Mundial da Saúde, em português), o conceito de saúde é: um estado completo de bem-estar físico, mental e social, não somente ausência de infecções e enfermidades.

Ao analisar a afirmação acima e constatar que se trata de uma verdade, percebe-se que o estado mental e a inserção social de um indivíduo têm um papel fundamental na garantia de sua saúde, ou seja, de sua qualidade de vida.

Assim, é interessante que a população passe a notar que, embora esteja vivendo mais, está vivendo pior. E um dos exemplos claros dessa reflexão é a crescente prevalência de depressão na terceira idade.

De maneira preocupante, os casos de depressão na terceira idade vêm aumentando, o que, assustadoramente, causa mais suicídios entre os idosos. Além disso, demanda um gasto maior com medicação, o que, de certa forma, traz prejuízos para os envolvidos.

Atualmente a depressão é uma das doenças mentais que mais acometem os idosos. Sua prevalência e as formas de manifestação podem variar de acordo com a situação de vida.

Para aqueles que vivem com a família e estão inseridos na comunidade, a prevalência de sintomas depressivos na terceira idade é de, aproximadamente, 15%. Não é um número pequeno, é alarmante.

No entanto, esse dado pode dobrar quando são analisados os idosos mantidos em casas de repouso ou asilos. Ainda, em pacientes hospitalizados por problemas de saúde, a prevalência chega a quase 50%.

Sentir-se limitado para realizar as tarefas do dia a dia – as quais antes eram feitas naturalmente –, desenvolver solidão, perder a saúde física com o avanço da idade, reduzir a capacidade econômica, vivenciar a morte de amigos e não praticar atividades físicas e mentais são os principais fatores de risco de infelicidade na velhice.

Quais são os principais sintomas da depressão na terceira idade?

Alteração do estado geral de ânimo

Os primeiros sintomas que saltam à vista estão os relacionados à alteração do estado de ânimo, como a perda do interesse pelas coisas que eram feitas anteriormente e a perda da capacidade de diversão.

Sensação de solidão e desesperança

A condição de tristeza permanente é marcante e nítida. Um vazio toma conta dos sentimentos e da rotina da pessoa, especialmente quando não há a atenção necessária da família.

Falta de sono, de apetite e cansaço físico

Inevitavelmente os sinais sintomáticos começam a aparecer, sendo os mais evidentes a insônia, a perda de peso, a falta de apetite, o cansaço e a falta de energia.

Disfunções gastrointestinais, vertigem, dores e cefaleia também podem ser notados.

A mente deprimida gera efeitos negativos diretamente no físico. Um idoso desanimado dificilmente vai procurar realizar atividades físicas regularmente, piorando o condicionamento motor com o passar do tempo.

Memória ruim

Falta de sono, alimentação inadequada e estado mental doente causam dificuldade de concentração e, assim, perda da memória recente. A pessoa fica alienada aos acontecimentos à sua volta.

Ideias pessimistas e de suicídio

Ao sentir a perda de controle sobre a própria vida, começam a surgir a autocensura, as ideias de culpa, o pessimismo, a falta de esperança e, até mesmo, a vontade de morrer.

Alteração do estado geral de ânimo, sensação de solidão e desesperança, falta de sono, de apetite, cansaço físico e ideias pessimistas e de suicídio são sintomas clássicos de depressão na melhor idade.

Como auxiliar no tratamento da depressão em idosos?

Os familiares nunca devem considerar uma alteração no comportamento do idoso como algo normal do envelhecimento. Sintomas depressivos, alterações cognitivas e declínio funcional não devem ser tidos apenas como próprios do processo natural de envelhecimento e que, portanto, não requerem atenção e tratamento.

Essa situação serve de alerta para todas as famílias. Não saber reconhecer um caso de depressão no idoso atrasa a busca por ajuda especializada e prejudica intensamente o tratamento.

Envelhecer é inevitável. Todavia a depressão não deve fazer parte da velhice. Abaixo seguem algumas recomendações para as famílias:

  • É preciso estar consciente das limitações físicas de um idoso, encorajar as pessoas mais velhas a terem consultas mais frequentes ao médico, especialmente antes de qualquer mudança na dieta ou outra alteração que possa comprometer sua resistência;
  • Respeitar as preferências individuais do idoso. Eles normalmente são menos adeptos a mudanças no estilo de vida e a programações muito ousadas;
  • Ser cortês, ter bom senso em uma conversa com um idoso, a fim de não afetá-lo com assuntos aparentemente inocentes e prestativos, mas que podem conduzi-lo a reflexões sobre seu real estado físico;
  • Oferecer apoio, demonstrar compreensão, paciência, afeto, estímulo e, o mais importante, ser um bom ouvinte.

A maioria dos idosos que passam por um estado de depressão pode melhorar com um tratamento adequado, baseado no apoio familiar, na psicoterapia e na medicação adequada.

Essas medidas ajudam a pessoa deprimida a recuperar sua capacidade de ter uma vida satisfatória.

A presença da família na vida de um idoso é fundamental na prevenção e no tratamento da depressão.

Como diferenciar depressão de tristeza?

A depressão é um processo mais prolongado, constante e intenso do que apenas um sentimento de tristeza.

A tristeza geralmente está associada a alguma perda significativa na vida, mas não incapacita o indivíduo.

Já a depressão diminui muito a qualidade de vida, pois os sintomas afetam de maneira importante o seu nível de energia, agravando o isolamento social e a participação em atividades físicas ou culturais.

Quais doenças e medicamentos estão associados à depressão?

A depressão, com frequência, não está presente sozinha. Ela pode estar acompanhada de outros agravos mentais que a mascaram, como a demência ou o mal de Alzheimer.

O tratamento baseado em medicamentos deve ser monitorado com cuidado e rigor, sempre assistido por um médico.

O idoso é mais sensível e provavelmente estará tomando outros remédios para outras doenças, os quais podem interagir com aqueles para a depressão.

As doses quase sempre precisam ser menores do que as utilizadas para o tratamento da depressão em pessoas de outras faixas etárias.

No tratamento da depressão, são utilizados os seguintes métodos e medicamentos:

• Atividades físicas;

• Psicoterapia ou aconselhamento;

• Antidepressivos;

• Tranquilizantes, para os casos agudos de ansiedade;

• Hipnóticos, nos casos graves de insônia;

• Eletroconvulsoterapia e estimulação magnética transcraniana, nos casos mais resistentes.

Regular a alimentação a um padrão saudável, procurar atividades sociais e culturais e unir-se a uma rede social de apoio são outras estratégias bastante úteis.

É sempre bom lembrar: quanto antes for iniciado o tratamento, maiores as possibilidades de sucesso.

Porque envelhecer de forma saudável?

O envelhecimento saudável é um processo que acontece ao longo da vida, não somente uma condição estática que se inicia a partir dos 60 anos. Portanto, requer medidas permanentes e alguns cuidados.

É fruto do que é feito no dia a dia, de como a vida é vivida e de quais foram os cuidados tidos com a saúde. Isso é o que determinará o vigor mental e físico ou o cansaço e o desânimo.

Uma questão fundamental, que é um dos divisores de água entre a sanidade e a depressão, é a falta de planejamento para a aposentadoria.

As pessoas trabalham por um longo tempo em suas vidas – por 40 ou 50 anos. Quando chega certa fase da vida, sentem-se cansadas e tudo o que querem fazer é se aposentar.

Por mais atrativo que seja visualizar o momento de parar de trabalhar, para, enfim, poder descansar pelas décadas que se seguem, atingir a aposentadoria sem ter feito um bom planejamento pode ser devastador para a saúde mental e física.

A pessoa deve projetar essa nova etapa de modo a permanecer ativa e funcional. Atividades que promovam interação social, cursos, exercícios físicos e viagens são as melhores formas de viver com qualidade após os 60 anos.

A interação social promove a realização pessoal em todas as fases da vida e é um dos melhores remédios contra a depressão.

Outro ponto essencial a ser valorizado também na terceira idade é a vida sexual. O senso comum enxerga o sexo na terceira idade como um tabu. Entretanto, uma vida sexual saudável faz parte da qualidade de vida de qualquer pessoa, inclusive dos idosos.

A atividade sexual é um dos grandes prazeres da vida, mantém a condição geral de ânimo de um indivíduo. Em contrapartida, problemas sexuais podem contribuir para o desenvolvimento de depressão.

Além da satisfação física, prazer e libertação, o sexo na terceira idade também ajuda o idoso a se manter bem nesta fase, contribuindo para uma boa qualidade de vida.

Sempre é bom lembrar que, assim como em qualquer outro momento da vida, sexo exige proteção.

As viagens e a vida sexual ativa são duas das melhores formas de manter a qualidade de vida na melhor idade.

Envelhecer não é fácil, o corpo e a mente se deterioram. O cansaço fica evidente e muitas vezes é acompanhado da perda de perspectivas. Por isso a necessidade de dar valor à saúde mental, de cuidar do físico ao longo da vida, para que essa nova fase não se torne penosa, e, sim, uma etapa natural do desenvolvimento de qualquer ser humano.

Há quem confronte essa idade como o fim da vida, alienando-se aos acontecimentos em sua volta e fechando-se para as boas oportunidades e ótimas fontes de prazer.

Por outro lado, felizmente há pessoas que transpassam a terceira idade com leveza e bom humor, mantendo-se abertas para novas experiências e sensações, as quais moram no lado bom da vida.

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